ANTÓNIO JOSÉ DE ÁVILA

Retrato do Duque de Ávila e Bolama
de Miguel Ângelo Lupi, 1880
Óleo sobre tela – 146cm x 120,5cm
Museu do Chiado
Museu Nacional de Arte Contemporânea

“Nascido na então vila da Horta – no n.º 11 da Rua de Santo Elias, atualmente Rua do Comendador Macedo –, no seio de uma família desde sempre ligada a ofícios humildes, António José de Ávila, bacharel em Filosofia desde 1825, é bem o “paradigma do sucesso da inteligência e vontade na sociedade liberal”. Filho de um sapateiro e de uma lavadeira, nunca renegou as suas origens.
Exerceu os mais altos cargos políticos da Nação e tornou-se sucessivamente Conde (em 1864), Marquês (em 1870) e, por último, Duque (em 1878).
Na política, logrou este distinto faialense acumular “11 mandatos de deputado, 20 anos de serviço ininterrupto como Par do Reino, 20 pastas ministeriais e 3 presidências do Conselho de Ministros (1868, 1870-71 e 1877-78) ” e, como ninguém, “conseguiu o milagre de chefiar governos apoiados por quase uma unanimidade política, à direita e à esquerda”.
A Horta e o Faial devem a António José de Ávila “muito daquilo que hoje são”: a dinamização do ensino e da cultura, enquanto Lente de Filosofia Racional e Moral da Horta, “com aulas dadas na pequena ermida do Espírito Santo, e com as muito concorridas sessões filosóficas, organizadas na Igreja do Carmo”; a dinamização, enquanto líder – tinha ele então apenas 24 anos de idade – da primeira vereação Liberal eleita para a Câmara da Horta, as diligências que levaram D. Pedro IV a conceder, à Horta, em julho de 1833, o Alvará de elevação a Cidade, e ainda, D. Luís a conceder, em 1865, ao seu berço de origem, “o título de Muito Leal Cidade da Horta e o escudo de armas que é ainda hoje o símbolo heráldico local”.
Em maio de 1881, a imprensa de Lisboa fazia-lhe o elogio fúnebre, assegurando não haver “outro exemplo igual entre nós de um homem se ter elevado sucessivamente, e unicamente pelos méritos pessoais, pelo seu trabalho incessante, pela sua perseverança e pelos seus talentos parlamentares, sem proteções de família nem prestígio de nascimento, desde o mais pequeno lugar na escala administrativa aos mais eminentes cargos e às mais altas dignidades do Estado”.
Por tudo isto, bem se pode dizer que o Duque de Ávila e Bolama é não só “o mais conhecido e o mais famoso vulto da história faialense, mas também […] uma das figuras cujo estudo melhor permite conhecer e compreender o século XIX em Portugal”, merecendo ser, conjuntamente com Manuel de Arriaga, “um dos ex-libris do Faial, da mesma maneira que Antero de Quental e Hintze Ribeiro são ex-libris de S. Miguel.”

in Projeto Educativo de Escola

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